O carnaval de marchinhas e estandartes não existe mais.
A sociedade em que vivemos nos dias de hoje, é talvez tão banal e perdida que se justifique o carnaval atual. Vivemos numa sociedade, e como modista, consumista, que a imagem vale mais do que tudo, com valores contrários, e de forma redundante, capitalista.E de tão capitalista, o carnaval se transformou em um grande negócio. Milhares de reais, e por que não, dólares, são gastos e ganhos. Faturam-se, vendem-se.
A magia de uma festa tão bonita, contada pela boca de minha avó, dos tempos que se levavam cadeiras para a Avenida Sete, foi perdida. Ainda me deparo com comentários que dizem que o carnaval é a festa mais democrática! “A maior festa popular e democrática do mundo”. Talvez já tenha sido, mas hoje o que se vê, é milhares de pessoas divididas por uma imensa corda, enquanto aqueles que ficam ali no meio dela, segurando-a , dividem os privilegiados dos blocos com a pipoca, murros e empurrões, segundas de cigarro e resto de cerveja, e por que não?
E se não bastasse, quando não, você precisa olhar para o chão, para não pisotear os catadores de latinha, que realmente mergulham numa multidão para ganhar alguns trocados. Os camarotes cada vez mais sofisticados e caros, para o mínimo da população. Democrático, não?
É o lugar onde os amores começam e terminam num piscar de olhos.
E esses “artistas” mais do que ricos, cantando um monte de baboseiras, futilidades, sentimentos rasos, e se duvidar, com os mesmos acordes, o mesmo bordão, as mesmas melodias chatas e clichês.
Onde está a cultura brasileira? No bolso de alguém, provavelmente.
Gosto é que nem cu, e mau gosto também. Isso é falta de cultura. A alienação atual do jovem brasileiro.
Mas é isso, de certa forma, todos se divertem, abrangendo todas as classes de A a Z, até quem assiste pela TV (e que transmissão cara). Todos se esquecem dos problemas, dos abismos sociais, corrupção, até quando em um certo ano, o governo adotou medidas provisórias e aumentos. Mas o que vale é isso, a diversão. Os abadás de determinado bloco, esgotou um ano antes do carnaval.
Bom Pão e Circo para vocês.
10 comentários:
Oxente, mas no carnaval da Bahia, os pobres, filhos da terra, têm muito em que trabalhar:
Catar latas, ser cordeiro/a, fazer programa com gringos/as e ainda mais traficar.
Valeu Let! vc é retada mermo.
Bem... odeio carnaval mas aqui no Rio o povo trabalha muito pra colocar o carro na rua...
infelizmente, você tem razão.
Lembro com saudade de um carnaval de Salvador, láááá pelos idos dos anos 80: sem cordas, sem abadá, só o povo pulando atrás do trio elétrico - onde só não vai quem já morreu.
Sorte e saúde pra todos! - menos pros que transformaram o carnaval num negócio
Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu... isso mudou tanto Caetano...
E para muitos o ano só começa depois do carnaval...
carnaval da Bahia não é mais para baianos
Que texto bacana Let! Parabéns!
Realmente o carnaval é pra poucos....
A Bahia devia seguir o exemplo do carnaval de Pernambuco.... ali sim, é democrático! Mas.....
Saudações a todos
O pior que vc so disse a verdade, mas na verdade o povo vai pra rua na esperança de um pouco de alegria, que seria mais verdadeira se houvesse igualdade...Mas tb muito das calalices e falcatruas que nos fazem é por falta de resposta, indignação, reivindicação. E este grito vc fez aqui.
Podemos sim ter alegria que nos é peculiar, mas também lutar por um bairro, uma cidade, um estado, um país melhor...
"Porque há o direito ao grito.
Então eu grito".
Clarice Lispector
Aposto como todos refletiram com o seu Grito.
Tudo de bom pra vc
Priscila
pra nós todos, né?
Olha, acho que o carnaval só foi bom mesmo no tempo das avós, bisavós, pq desde que eu me entendo por gente, o carnaval é uma merrrrcadoria!
Mas, como vc falou, há gosto pra tudo!
Parabéns pelo texto!
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