Os Certões

Ver os discípulos de Zé Celso, na Canudos do Museu, foi uma sensação ímpar. Um momento de eterna orgia e deslumbramento diante do não-lugar, do não-tempo, do não-pudor. Caralhos e Vaginas reais, distantes poucos centímetros (ou bem menos) dos espectadores-atores, deram um ar de transcendência à arena que hora era o Oficina, ora Canudos pólis, ora um lugar nenhum. Ditirambos, vinhos, esperma, velas, bodes com hemorróidas, poerias e pseudo-sangues causaram um misto de sentimentos que só a mágica do teatro pode proporcionar. Uma psicodélica experiência, onde, por momentos, a individualide era o coletivo e o coletivo era uma espécie de estado alfa(lico)… A insanidade necessária deste diretor (eterno rei… da vela!) faz de Os Sertões um efervescente celeiro de possibilidades, de descontinuidades, de desconstruções, de desorganizações… Faz daquelas horas intermináveis (que digam nossas bundas!!!) uma eterna caatinga de devaneios, onde tudo pode ser e o nada também! Espinhos tornam-se algodões , e pedras, travesseiros para as cabeças e corpos desnudos de “civilização” e de pudor; faz da poeira e do cheiro do sol encandecente, elementos de uma nova realidade de existência muito além do que se diz político, social, anárquico, contingente… Faz dele Os Certões!

7 comentários:

MM disse...

Zé Celso, luxo da caatinga.

Anônimo disse...

Valeu...

Anônimo disse...

Adorei essa idéia dos "Cetões". A visão de Zé Celso diante do livro de Euclides da Cunha e os elementos teatrais utilizados são magnificos. Sem dúvidas o espetaculo, envolve os espectadores com os atores e resulta numa mistura que só o teatro pode nos proporcionar. Vc entra numa especie de transe. Muito boa suas colocações... Sou sua fã. rsrsr Bjs.

Anônimo disse...

UFAAAA!!!
e precisava SER TÃO longo?!!!
Jonas

Vinícius Alves disse...

Até agora não me perdoei por não ter ido!

Julio disse...

Vi um dos espetáculos ("A Terra I", salvo engano), mas não me entusiasmei tanto assim a ponto de voltar nos outros dias. Alguns momentos são, de fato, de uma exuberância ímpar, notáveis em criatividade e poesia. A técnica impressiona, também, sobretudo pela ousadia na utilização do espaço cênico. Por outro lado, esse mesmo espaço cênico (o palco, uma arena em forma de um grande corredor)compromete a visibilidade em vários trechos da encenação. Sem falar na arquibancada que serve de assento que, se já é desconfortável num espetáculo de uma hora, que dizer num de seis? Além de bunda, haja coluna, eu acrescentaria ao post! Mas mesmo isso seria tolerável, não fossem os francos excessos do espetáculo que se prolongam ad infinitum e só comprometem o andamento do texto. No dia em que fui, após uma encantadora passagem em que comentava a mitologia religiosa sertanejo (e do brasileiro, por extensão)uma longa, longuíssima digressão zombava dos evangélicos da igreja Renascer, com a aparição da Bispa "Insônia" e a pastora mirim. O que, no máximo, poderia render uma boa piada ou um "caco"(ainda que discutível, tendo em vista que é facílimo zombar assim do fanatismo alheio, sem procurar investigá-lo e compreendê-lo mais de perto)leva um tempão para acabar(não contabilizei, mas no meu "timing" pessoal, foi bem mais que meia hora com o espetáculo praticamente suspenso em função disso). Como já estávamos na metade do segundo ato (já se iam umas 4-5 horas da apresentação), o artifício só trouxe cansaço. Enfim, creio mesmo que "Os Sertões", se bem editado, renderia uma obra-prima revolucionária e marcante. Como está, ainda é belo e memorável, mas, francamente, é uma experiência exaustiva.

Anônimo disse...

Bacana demais ler este post aqui!
Assisti no sábado e saí completamente dopada. (no bom e mau sentido ... hehehehe)
Estupidamente bom!
Assino embaixo!
:D