Maestro Zezinho, qual é a música?

"Quando você for convidado pra subir no adro da Fundação Casa de Jorge Amado, pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos, dando porrada na nuca de malandros pretos, de ladrões mulatos e outros quase brancos, tratados como pretos, só pra mostrar aos outros quase pretos(E são quase todos pretos) e aos quase brancos pobres como pretos, como é que pretos, pobres e mulatos e quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados. E não importa se os olhos do mundo inteiro possam estar por um momento voltados para o largo, onde os escravos eram castigados. E hoje um batuque um batuque com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária, em dia de parada. E a grandeza épica de um povo em formação nos atrai, nos deslumbra e estimula. Não importa nada: nem o traço do sobrado, nem a lente do Fantástico, nem o disco de Paul Simon, ninguém, ninguém é cidadão. Se você for a festa do Pelô, e se você não for, pense no Haiti, reze pelo Haiti. O Haiti é aqui. O Haiti não é aqui. E na TV se você vir um deputado em pânico mal dissimulado, diante de qualquer, mas qualquer mesmo, qualquer, qualquer, plano de educação que pareça fácil, que pareça fácil e rápido e vá representar uma ameaça de democratização do ensino do primeiro grau. E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital. E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto e nenhum no marginal. E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual, notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco, brilhante de lixo do Leblon. E quando ouvir o silêncio sorridente de São Paulo, diante da chacina, 111 presos indefesos, mas presos são quase todos preto, ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres e pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos. E quando você for dar uma volta no Caribe e quando for trepar sem camisinha e apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba. Pense no Haiti, reze pelo Haiti. O Haiti é aqui. O Haiti não é aqui."

Haiti registra 50 estupros de mulheres durante Carnaval.

As autoridades do Haiti anunciaram o balanço dos atos de violência acontecidos durante o Carnaval, batizadas "Soley Leve" (sol nasce). Entre as centenas de vítimas estão pelo menos 50 mulheres violentadas.

A ministra para assuntos ligados à mulher, Marie Laurence Jocelyn Lassegue, destacou que entre 18 e 20 de fevereiro, "a polícia nacional recebeu denúncias a respeito de 800 casos, entre as quais muitas vítimas de violência carnal". "Por ora podemos falar de 50 estupros, mas não é um dado definitivo. Estamos aguardando os números das organizações feministas de todo o país', acrescentou.

Lassegue disse que antes das festividades foi lançada pelo governo uma campanha de prevenção, da qual participaram grupos musicais, com promoção de slogans contra a difusão da Aids e contra a violência sexual.

A associação de defesa das mulheres - Sofa- anunciou ter atendido 396 pessoas em seu centro no Haiti. Entre as vítimas recebidas, a mais jovem tinha 3 anos e a mais velha 65.



Quantas brancas, mulatas, negras, baianas, paulistanas e as quase baianas não sofreram violência sexual neste Carnaval em Salvador? As nuances desse tipo de crime são sutis. Um amasso pode virar algo mais sério e se não tem o consetimento da garota, já temos caracterizada a violência sexual. Você acha que alguma delas foi na polícia em pleno Carnaval denunciar? E se foi, a polícia vai divulgar?

O parâmetro da violência no nosso Carnaval é o número de mortes. Ouvi o porta voz da Policia Militar dizer: " Esse ano o Carnaval de Salvador foi muito menos violento, registramos apenas 3 mortes. Ano passado 4, uma redução na casa dos 40%".

Muito bom. Que bom saber que Caetano já não tem mais razão e o Haiti não é mais aqui.

Um comentário:

paulinho disse...

É muito bom sorrir, mas saber que existe gente preocupada e conversando com inteligência me deixa muito feliz também. Abraço.